Artigo originalmente publicado em 11/05/2010.
Desde o começo da história, há seis mil anos, a humanidade vem avançando a passos que só se alargam ao longo do tempo. E desde a Revolução Industrial, há 250 anos, esses passos são cada vez mais rápidos e frequentes. Há dois anos atrás, parecia que a crise do subprime estava sob controle, o Corinthians estava na Série B – com o sonho da Libertadores no centenário ainda longe e estávamos esperando o promissor CLANNAD ~After Story~ após o fim da primeira temporada. Quanto tempo, não?
O tempo passa tão rápido que sempre estamos “sem tempo”. Tudo tem que ser para ontem – não podemos esperar chegar em casa para blogar, não temos paciência para esperar 10 episódios de introdução em um anime de 50 episódios… Aliás, a duração dos animes está diminuindo. A temporada padrão de um ano atualmente é de seis meses. Os animes menores, que duravam seis meses, agora duram três – noitaminA e Anime no Chikara são exemplos disto.
Claro que há a diminuição de riscos por parte das produtoras, mas o tempo curto de muitos fãs de anime é fator primordial para isso. E esses fãs querem aproveitar ao máximo o pouco tempo que tem – por que perder tempo então desenvolvendo demais as camadas da história, as vezes sacrificando preciosos minutos que poderiam trazer algo de divertido? Assim, não podem haver muitos “respiros” – além da história avançar, sempre é necessário “acontecer algo” durante todo o percurso para manter a atenção desse tipo de espectador nas alturas.
Coloco dois casos de animes feitos pensando nisso: Summer Wars e Angel Beats!. O primeiro, filme do ano passado, é famoso por fazer uma bela mescla de temas estruturados de uma forma simples e divertida. Graças a essa variedade de temas e personagens (no fundo, é tudo uma grande família – mas o recurso é útil para abordar, mesmo que em detalhes, coisas como um jogo valendo a passagem para o Koushien), sempre há algo acontecendo. Claro, no fundo isso remete a filmes de aventura como Laputa e Castelo de Cagliostro, mas Summer Wars é mais rápido – e não tem um longo diálogo decisivo no final.
Mas fiquei intrigado mesmo com Angel Beats!. Um elenco agressivamente grande para 13 episódios. Episódios que contam uma história longa e coesa, mas podem ser assistidos sem muito compromisso. Shows e outras formas de ação como a base de tudo, sobre os quais a história é construída em cima – sem aquela irritante quebra de ritmo de certos animes onde cada golpe tem que ser explicado. Nem mesmo o tempo da abertura é poupado – foi usado para encaixar um trecho da história em um dos episódios.
Resultado: um anime interessante de se ver em uma era onde as pessoas julgam o que vão ver em um episódio [recentemente, o diretor de CANAAN – mesmo estúdio de Angel Beats, aliás! – reclamou disso] e que podem parar de assistir a qualquer momento assim como deixam de ler quem não consegue passar algo essencial em menos de 140 caracteres.