Otaku, Otome, Fujoshi

Qual é o feminino de otaku?

Talvez você já tenha feito essa pergunta, e com certeza tem uma resposta na ponta da língua para ela – mas será mesmo que usamos uma definição adequada e precisa para isto?

No Japão, otaku significa basicamente fanático, uma pessoa que vai muito longe por algum hobby – além de anime, manga e relacionados, é possível ser otaku de diversas outras coisas, de trens – uma paixão japonesa – à militaria. Mas esta palavra foi algo corrompida quando da expansão da cultura pop japonesa [junto com outras, de hentai a yaoi] e o anime otaku, abreviado no Japão como aniota, viro u o otaku ocidental – além disso, é difícil replicar fora do Japão a dedicação obsessiva e coletiva que caracteriza o espécime japonês.

Como quase toda palavra japonesa, [anime] otaku não tem variação de gênero: tanto o homem quanto a mulher podem ser chamados por esta. Mas a necessidade – e a curiosidade – de separar as poucas mulheres otaku existentes nos primórdios do fandom hardcore de anime fez com que se corrompesse outra palavra e as donzelas, as otome, tornaram-se sinônimo das mulheres que assistem anime. Motivadas principalmente por romance, casais e shipping – claro, seguindo um padrão de fofura e foco em relações heterossexuais, dos battle shounen da vida até comédias românticas [harem] clássicas.

Mas por diversos motivos [e aqui é válido este artigo do Otakismo], o yaoi/Boys Love tornou-se um verdadeiro fenômeno do outro lado do mundo e praticamente criou um novo gênero de manga e anime; e estas mulheres que pelo menos na ficção gostam de ler e assistir histórias entre casais formados por dois rapazes, essas garotas “degeneradas”, são chamadas de fujoshi.

E as mulheres que realmente curtem anime mas não são nem otome nem fujoshi? Elas podem ser raras, mas existem – e apesar de não haver alguma palavra específica para classificá-las, podemos voltar no começo do artigo e simplesmente chamá-las de otaku; talvez seja igualar aos homens, muitos deles que preferem fechar seus horizontes a coisas novas [como, infelizmente, muitas das citadas nos parágrafos anteriores], mas é uma solução caso as obras japonesas ocupem uma espaço desproporcional na sua vida em relação aos quadrinhos de outros países, desproporcional mesmo em relação à invasão das bancas brasileiras pelos manga.

Na teoria o artigo termina no parágrafo acima – mas vivemos no Brasil, aonde humor é coisa seriísima: assim, vale mencionar o otaka que o Mais de Oito Mil costuma usar em seu blogging. Acredito ser um termo jocoso, em tom de brincadeira, para talvez fazer uma piada com o uso em tom exagerado de otome para feminino de otaku – como visto neste artigo, não corresponde a realidade, aplicando-se somente no caso descrito acima. O problema que ser um blog bem escrito em um país de semi-analfabetos causa o mesmo tipo de influência [em muito involuntária] de um CQC; afinal, eles vestem ternos e soam modernos, porque não levar a piada a sério? Além de rir e perceber a crítica implícita no humor, seria bom também filtrar o que deve ser levado a sério e o que não.

15 Comentários

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15 Respostas para “Otaku, Otome, Fujoshi

  1. Saudações

    Os termos em comparativo servem para tentar, de boa forma, justificar o seu intuito por detrás deste post, Qwerty.

    Não vou adentrar na chamada “banalização de termos” (como muito faz acontecer em nosso País, mas não apenas nele), mas vou entrar no mérito de sua empreitada. Conhecer como cada termo é definido em seu País de origem é um alento importante para que tais termos recebem definições similares no Ocidente.

    Entretanto, passar por cima de questões culturais é muito complicado (o que não foi o tópico em análise no seu texto). Mas a questão do chamado [semi-analfabetismo] (na qual prefiro abster-me com força em opinar assertivamente) pode – e é – ser um grande entrave para a compreensão plena de saber o que significa, enfaticamente, termos como fujoshi e otaku.

    Bom, no Japão muitos de tais termos não são bem vistos.
    Moda no Brasil? Moedas sendo atiradas contra todos em 3, 2, 1…

    Ótimo texto.

    Até mais!

  2. eu usava otaku para os dois generos, entretanto, apesar das garotas otomes não gostarem, eu gosto de chama-las de otakas, porque na minha opinião soa melhor….
    http://nerd-ogro.blogspot.com/

  3. ” E as mulheres que realmente curtem anime mas não são nem otome nem fujoshi? ”
    Eu to me encaixando aii, são raras, mas to aqui, e conheço mais um punhado por ai!! kkkk
    Admito que adoro um shoujo, cheio de romance e coisas fofas *-*
    Mas animes de mistério, suspense, lutas tbm me agradam bastante.
    Se eu tivesse que escolher um terma para ser classificada, acho que o termo otaku resume bem, pois como vc mesmo disse, é um termo usado tanto para menino quanto para meninas.

  4. Sempre me auto-nominei Otaku o.o… mesmo sendo Mulher, gostando de Shippar e Yaois Q

    Se fosse considerar assim, eu sou os 2 xD~… já que acredito que Otomes são garotas que gostam de Shippar, mas apenas casais normais, não Yaois (Otomes não necessariamente gostam de Yaois também…), as Fujoshis são as ADDICTED em Yaoi… Mas como eu gosto dos dois… eu poderia dizer que sou uma “Otome Fujoshi”?

    No meu consentimento Otome são garotas que gostam de animes, mas são as “Ladys”… a preferencia delas tende a ser os Shoujos, ou animes que possuem romance, e coisas fofinhas, coisas de menina o.o… mas que são tão viciadas nesse estilo de anime como qualquer Otaku o.o… *claro essa é minha opinião só Q*

    Já as Fujoshis eu também considero como o grupo fechado que gosta de Yaoi, e todo ou qualquer obra onde existe um romance entre dois homens o.o… mas não sei dizer se as Fujoshis Japas gostam dos outros tipos de anime o.o… *Eu gosto Q, mas eu sou de fora desse mundo, pra mim Otakus ocidentais podem chegar ao mesmo nível dos Japoneses, mas por criação, nós pensamos de uma forma diferente da deles em alguns aspectos.*

    Por isso eu sempre pensei, até pq não tem gênero como vc disse, que o certo mesmo fosse Otaku, mesmo para mulher o.o…

    Também já me perguntaram pq eu estava “denegrindo minha imagem” me chamando de Otaku… Bom deve ser pq sou viciada em animes né… poxa… Q. Por que, ‘Otaku era uma palavra muito forte’ e tal… Pode até ser, em seu sentido original, realmente o.o… mas aqui pro Ocidente… é só gente que nem eu… que gostam muito de anime…

    WallText! A quanto tempo vc não aparecia =D Q

    Bjus =* e bom trabalho Qwi.

  5. Sarah

    Não gosto do termo “otome”. Parece que ninguém mais usa no Japão, só no Brasil (nunca vi ninguém de outro país se identificar assim). Gosta de anime? É otaku, não interessa o gênero. É garota e gosta de BL? É fujoshi. É garoto e gosta de BL? É– Cara, é raro. Mas há o termo “fudanshi” para rapazes que gostam de yaoi.

  6. Lucas

    Eu já vi os 3 termos sendo aplicados em mangás, nos títulos ou descrições de personagem, o que creio seja uma indicação de que ainda é usado no japão. Adaptações de termos, na maioria dos casos apropriações, é algo totalmente comum e as vezes ficar preso a termos “originais” pode ser precário, afinal como caraterizar o público brasileiro em sua particularidade, mesmos as garotas fãs de animes. É necessário o conhecimento dos termos, mas é sempre bom lembrar que não são absolutos podendo servir ou não aos intentos almejados.
    Considero “Otaka” um termo totalmente utilizavel no conceito brasileiro e confio no bom senso dos brasileiros para não sair por ai repetindo-o no estrangeiro, tanto pq a maioria das linguas não tem divisões de gênero. Padronizar deve sempre prestar a facilitação da comunicação e se nãpo bem dosado fica hermético e dificulta o entendimento.

  7. Pss

    Muito bom o texto. As pessoas tem obcessão por classificar, seja para se enquadrar ou seja para excluir. Não acho mto válido mas é um maio de organização social.

    Agora, se formos considerar que nem o termo “otaku” é correto, pra que se descabelar com o feminino, né?

  8. Passando meio atrasado, mas só para deixar três imagens curiosas

    Otaku

    Otome

    Fujoshi

    Isso saiu na Newtype de março 2010. Como é recente e saiu numa revista muito voltada ao fandom japonês, pode ter certeza que são termos que ainda estão em circulação por lá, embora eu não os veja tanto no 2 channel. Por outro lado, é difícil que apareça por lá, pois o tema das conversas quase nunca envolvem o estereotipo de otome ou mesmo fujoshi.

    Falando um pouco mais sobre otome, no Japão existe as classificações de Otome Game e Otome Anime, que são jogos e animes baseadas em harém inverso (uma mulher cercada de homens). Pelo que andei lendo, quase sempre são jogos/séries com conteúdo erótico muito baixo, voltadas ao público adolescente e mesmo quando tem relações entre homens, são paixões platônicas, sem o lado mais “degenerado” da visão de uma fujoshi.

    Também é importante salientar que otomes não são mal vistas pela sociedade japonesa igual um otaku e uma fujoshi, até por estarem numa linha entre o otaku/fujoshi e o fã comum (notar que o quarto de uma otome é relativamente normal) e de um modo geral serem discretas. O único lado não muito discreto é o fato de fazerem cosplay, mas isso deve ficar limitado a eventos e lugares longe dos “seres normais”.

    O fato de não serem tão mal vistas pela sociedade pode ser atribuido também ao lado de donzelas, afinal otomes seguem um estereotipo de mulher idealizada pelos japoneses, sempre tentando ser pura, elegante, inocente e meiga (dá para notar essas características só de olhar para a imagem ).

    Por fim, não dá para rotular qualquer pessoa por esses estereotipos. Cada caso é um caso, e os “níveis” de conhecimento otaku, fujoshi ou otome variam de pessoa para pessoa, mas essas definições existem, pois são baseadas no padrão de comportamento dos fãs, e são definições práticas e utéis em termos de pesquisa, tanto para os acadêmicios japoneses, quanto ocidentais. Como última curiosidade, sei que o termo otome é usado por aqui para definir o fã feminino de animes, mas não o vejo muito em circulação pela internet. Alguém sabe responder se ele é comum em eventos de anime ou outros lugares fora da rede?

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  13. Vou te manda a real, eu sou otaku também, não porque fui influenciado por outras pessoas, mas porque eu assistia animes desde pequeno. Eu odeio são pessoas babacas que criticam os animes, vontade de dar porrada e umas pauladas na cabeça de gente idiota e ridícula. Hoje em dia o preconceito contra otakus no Brasil tem sido tão frequente que eu às vezes acho que eu não sinto orgulho nenhum de ser brasileiro, ou seja, pessoas idiotas de B$s7@ perdem seu tempo precioso preconceituando os coitados dos otakus só porque eles gostam de animes. Que culpa tem um otaku brasileiro de curtir o que vem do Japão? Nenhuma. Esse preconceito ridículo não passa de frescura ridícula por parte de pessoas idiotas que odeiam o Japão e suas tradições.

  14. Bruna

    Bem eu ja faz quase 2 anos que postou esse texto, mas poste bom deve ser comentado.
    Verdadeiramente eu estaria mais na terceira opçao sendo Otaku, não digo isso para tirar o corpo fora, mas sim porque eu assisto mais animes Shonei e de misterios e terror, nao sou fã de romances não me apego e nao desenvolvo o assunto. No caso do yaoi eu curto um pouco mais não respiro isso, vejo so como mais uma opção, posso ver um anime onde o casal e centralisado é heterossexual, homossexual ou que nem tenha um casal em si e sim so amizade. Admito que quando me perguntam o que sou eu respondo Otome e Fujoshi (dependendo do caso e da pergunta).
    Creio que o problema nao seja a falta de garotas que nao sejam iguais aos garotos ou seja gostam de Shonei e etc… ou ate uma mistura, na verdade os proprios Otakus ou assim dizendo pessoas nos intigam a disser que somos Otomes, no ponto em que se falarmos sou Otaku nos associam ao masculino, ou no caso de nos verem á vivo ea cores vem a nós corrigirem, ja passei muito nervoso e raiva nessa vida o que me fez escolher por disser que sou Otome, e ate Fujoshi, oque acho degradante, pois por causa de generos deram a mesma forma de fã dois nomes de forma contraditoria, e nos dias atuais para quem curte os dois generos (assim dizer) nos dissem para usar as duas palavras juntas o que formaria algo como “donzela suja” o que seria uma ironia nao?, pois se sou garota e gosto de animes de todos os generos sou Otome (mesmo que seja claro que isso era para se definido as que gostam de romance mesmo sendo isso errado) e se vejo Yaoi sou Fujoshi, percebo tambem que ao disser sou Otome não ha descriminaçao mais se disse Fujoshi e completamente renegado é como se fosse duas fases da mesma moeda, acho isso estresante, para que classificar?? para uma pessoa se considerar desse meio é porque ela é louca por anime nao é? e porque respira esse mundo, então me respondam para que dividem? ja nao somos muito agredidos e excluidos, para que nós excluir no nosso proprio meio.
    Vejo um Otaku que prefere Shonjo ser chamado de Otaku da mesma forma que um que prefere Shonei
    Entao para que dividir nos garotas ja não somos muitas? realmente as vezes penso qual o motivo. São generos coisa que se comenta eu vejo isso prefiro isso, sao detalhes o importante é todos viverem esse mundo esse aspecto.
    Mas não querem que deixem claro, nos casos como o meu qual não ligo para o genero do casal e sim para o conteudo o enredo, viramos uma contradiçao, que esta cada vez mais comum
    Se é isso que eles querem ouvir vou responder isso, pois sei que o que importa é o que penso, cansei de discutir com quem não tem nada a me oferecer. O que tem por dentro ninguem vai mudar e assim que sigo.
    E so mais uma obervaçao que no ano de 2013 existe muitA otaku so que estão se proclamando Otome. Garotas que vestem camisetas largas de animes, quarto enfeitado com postes de animes colares e botoes em tudo que é roupa,estilos rudes sem nada de romantismo onde tudo indica vicio e vicio se classificando como um simples donzela, nao que seja ofensivo mais se for ver por tras existe toda uma separaçao e encoerrença
    E so para acrescentar deixo claro que esta cada vez mais comum de ver na mesma frase Otome e Yaoi, pois as pessoas mesmo inventam depois se perdem nesse meio e ai surge toda essa bagunça. Onde para os Otakus “garotos” dissem que quase toda Otome curti yaoi, triste isso?? não é deprimente uma resposta sadica a quem tanto quis separar e classificar as tanto ditas garotas Otakus.

  15. Valeu vc me fez perceber q eu sou uma fujoshi

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